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Águia-cinzenta ( Portuguese )

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A águia-cinzenta (nome científico: Urubitinga coronata,[2][3][4] anteriormente Buteogallus coronatus[5] ou Harpyhaliaetus coronatus[6]) é uma das principais espécies de rapinantes presentes na fauna sul-americana, encontrando-se na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil. Uma fêmea desta ave pode chegar a medir cerca de 85 centímetros de comprimento, envergadura média de 1,80 metro e pesar cerca de 3 quilogramas.[3] Seu nome científico mais atual significa: do tupi Urubú tinga = nome indígena utilizado para intitular um grande pássaro preto; e do latim, coronata, corona, coronatus, coronatum = coroa, coroado, significando "Grande pássaro preto coroado")[7]

Os jovens da espécie apresentam, em seu dorso, a penugem em um tom mais escuro de marrom, com a barriga e o peito em uma coloração creme e detalhes marrons nas laterais do tórax. Já os adultos possuem em suas penas a tonalidade de cinza-chumbo, tendo uma cauda com faixas brancas, visíveis durante o voo, e uma crista com características parecidas com uma coroa.[8]

Possui um aspecto extremamente volumoso. A águia-cinzenta necessita de grandes presas e áreas consideráveis para hábitos de reprodução e alimentação. Opta por habitats abertos ou com pouca vegetação.[7]

Hábitos e alimentação

As aves de rapina possuem hábitos tanto noturnos quanto diurnos, são excelentes caçadoras devido às suas grandes asas, sendo, necessariamente, habilitadas para a prática de voos silenciosos. A U. coronatus possui hábitos de alimentação bastante diversificados, nutrindo-se de variedades de pequenos animais como tatus, mustelídeos, lagartos, roedores e pequenas aves. Ela faz parte das rapinantes com hábitos estritamente crepusculares, tornando difícil a sua observação. Pousa por longos intervalos de tempo, principalmente em elevadas altitudes.[9]

Comumente, quando perturbada, resiste a abandonar seu poleiro, apresentando vocalizações, ou seja, manifestações sonoras.[7]

Reprodução

No Brasil central, no período da primavera, o período de reprodução da águia-cinzenta ocorre na primavera. Porém, em La Pampa, na Argentina, os filhotes nascem em dezembro, permanecendo no ninho até o mês de março.[4][10] A U. coronatus constrói os ninhos em grandes altitudes, com galhos e ramos, colocando somente um único ovo de cor branca com sinais cinza ou amarelos.[7] A incubação pode durar de 39 a 40 dias.[10]

A fêmea, em 90% do seu tempo, dedica-se à incubação e cuidados com a cria, incluindo aquecê-la durante o frio da noite, protegê-la no período do dia, fornecer sombra nos momentos mais quentes e alimentá-la.[10]

O ciclo de reprodução desta ave tem a duração, no mínimo, de dois anos, abrangendo desde o momento da cópula até a autonomia do filhote.[4]

A águia-cinzenta, exceto no período reprodutivo, é um animal solitário.[7]

No ambiente do cerrado, a águia-cinzenta começa o seu período reprodutivo, provavelmente, entre julho e novembro. Houve surgimento de pares desses indivíduos, na fase adulta, no tempo de aproximadamente 12 meses, no Parque Nacional das Emas, em Goiás. Acredita-se que tal espécie seja monogâmica, isto é, possua apenas um parceiro amoroso ou sexual, ligação capaz de durar uma vida inteira. Ela permanece no mesmo território durante todo o ano.[11]

A idade em que comumente o jovem começa o seu processo de emplumação e aprendizado de voo é de aproximadamente 115 dias.[11]

Distribuição geográfica no Brasil

Esta espécie é encontrada nas regiões Centro-Oeste, bem como em áreas da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, o sul do estado do Maranhão e leste-meridional do país. Também reside em regiões montanhosas, savanas e campos semiabertos.[7][8] No Rio Grande do Sul, a águia-cinzenta está limitada às regiões dos Campos de Cima da Serra, principalmente nos municípios de Cambará do Sul, São José dos Ausentes, Jaquirana, São Francisco de Paula e Vacaria.[12]

Na região de Santa Catarina, a águia-cinzenta é uma das espécies tidas como ameaçadas de extinção na categoria “criticamente em perigo”. Porém, foram avistadas pequenas quantidades, em anos subsequentes, sobrevoando alguns municípios desse estado, como Água Doce, Lages, Corupá, Lontras, Campo Belo, Urubici (no Alto Rio Canoas, entre 2003 e 2005), Campo Belo do Sul, Bom Retiro, Urupema, Painel, Anita Garibaldi, Capão Alto, Jardim da Serra, Rio dos Cedros, Abdon Batista, São Joaquim e Siderópolis.[4]

A águia-cinzenta também pode ser encontrada em áreas de biomas como a caatinga, cerrado e no pantanal.[11]

Estado de conservação

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Espécime em cativeiro

A águia-cinzenta, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, está em perigo de extinção desde 01 de outubro de 2016.[13] Essa ordem de animais é bastante vulnerável a mudanças no ambiente em que vive.[14] Por isso, as principais ameaças, não só a essa espécie, mas também a muitas outras aves de rapina no continente sul-americano, são a devastação e destruição do habitat natural,[15] consequências da expansão de áreas para a criação de bovinos e práticas de agricultura intensiva. Os hábitos de caça e captura, para inserção em cativeiro, também afetam o estado de preservação da águia cinzenta.[5][9]

Outro aspecto determinante para a baixa taxa de aparição da U. coronatus é o elevado uso de agrotóxicos nas áreas rurais, causando na maioria das vezes o malogro reprodutivo, pela deformação dos ovos desses animais.[8]

Por preferirem habitats com vegetações abertas podem apresentar elevados riscos à criação de animais, em maioria domésticos, tornando-se grandes alvos para caça.[7]

Este animal é uma das muitas espécies de aves de rapina pouco estudadas. A falta de dados a respeito dos requisitos básicos ecológicos e sobre sua distribuição afetam o planejamento de conservação.[12]

Somente na Argentina tem-se o entendimento sobre a ecologia, biologia e conservação da U. coronatus, tendo se desenvolvido um planejamento para conservação da espécie. Este plano foi nomeado de “Plan de Acción para la Conservación del Águila Coronada en Argentina”, identificando quais são as principais causas para a redução desses indivíduos. No sul do Brasil, ainda não foi devidamente verificado se as razões pelas quais essa ave está em perigo são as mesmas da Argentina e quais os impactos que essas razões afetam nas populações das águias-cinzentas.[12]

Na Argentina as colisões contra cabos elétricos ou estruturas construídas pelo ser humano em áreas onde costumam ocorrer essas aves vêm se somando à lista de razões para a redução significativa de indivíduos, ultrapassando a prática de caça.[12]

Pelo fato de a águia-cinzenta frequentar grandes áreas abertas e regiões montanhosas, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existem diversos obstáculos que dificultam o bem-estar desse animal. O plantio de pinheiro (Pinus) para o reflorestamento vem promovendo uma vasta mudança no habitat dessa espécie e de muitas outras, como o uiraçu (Morphnus guianensis), reduzindo as áreas de caça nesses vastos campos de vegetação natural.[6][9]

Com a criação do órgão ambiental de Santa Catarina, nomeado Fundação de Amparo à Tecnologia e Meio Ambiente (FATMA), a situação tornou-se ainda mais preocupante. Essa instituição incentiva a plantação de Pinus em áreas com 50 hectares de terra ou menos, sem nenhum tipo de estudo ou princípios prévios a respeito dos problemas que podem ser causados àquele ecossistema. Assim, o plantio de pinheiro ocupa essas áreas de floresta nativa, reduzindo ainda mais o pouco de vegetação restante para os grupos nativos daquele ambiente.[6]

Outra causa bastante relevante para o desaparecimento da espécie é a redução da variação genética, isto é, a escassez de parceiros para a reprodução, elevando as possibilidades de ocorrer acasalamento entre indivíduos com um grau de parentesco próximo, provocando um gargalo populacional. Esta dificuldade poderá levar à diminuição dessa espécie, com o sumiço de linhagens evolutivas, com efeitos irreversíveis.[16]

Referências

  1. «Raptors». IOC World Bird List (em inglês). Worldbirdnames.org. Consultado em 13 de Outubro de 2010
  2. Pacheco, J.F.; Silveira, L.F.; Aleixo, A.; Agne, C.E.; Bencke, G.A.; Bravo, G.A; Brito, G.R.R.; Cohn-Haft, M.; Maurício, G.N.; Naka, L.N.; Olmos, F.; Posso, S.; Lees, A.C.; Figueiredo, L.F.A.; Carrano, E.; Guedes, R.C.; Cesari, E.; Franz, I.; Schunck, F. & Piacentini, V.Q. (2021). «Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee» 2ª ed. Ornithology Reserach. doi:10.1007/s43388-021-00058-x |acessodata= requer |url= (ajuda) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  3. a b MENQ, Willian (2017). «As águias brasileiras» (PDF). Aves de rapina Brasil. Aves de rapina Brasil (Artigos online). Consultado em 9 de novembro de 2021
  4. a b c d RAPHAEL VERONEZI, Wilian; CLAUDIOMAR KILPP, Jonas (2017). «A águia-cinzenta (Urubitinga coronata) no município de Painel (Santa Catarina) e observações sobre sua biologia» (PDF). Atualidades Ornitológicas. Revista sobre Ornitologia. Nº 195: 43. Consultado em 9 de novembro de 2021
  5. a b CLAUDIOMAR KILPP, Jonas (2019). «A Águia-cinzenta». Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. A Águia-cinzenta (Buteogallus coronatus): Distribuição, situação dos ambientes de ocorrência e implicações para a conservação da espécie no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Consultado em 9 de novembro de 2021
  6. a b c B. ALBUQUERQUE, Jorge Luiz; GHIZONI-JR, Ivo R.; S. SILVA, Elsimar; TRANNINI, Gustavo; FRANZ, Ismael; BARCELLOS, André; B. HASSDENTEUFEL, Clarissa; L. AREND, Felipe; MARTINS-FERREIRA, Claiton (2006). «Águia-cinzenta e o Gavião-real-falso em Santa Catarina e Rio Grande do Sul: prioridades e desafios para sua conservação» (PDF). Researchgate. Revista Brasileira de Ornitologia. Consultado em 10 de novembro de 2021
  7. a b c d e f g «águia-cinzenta (Urubitinga coronata) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 29 de novembro de 2021
  8. a b c «Águia-cinzenta (Urubitinga coronata) | Aves de Rapina Brasil». www.avesderapinabrasil.com. Consultado em 29 de novembro de 2021
  9. a b c DA CUNHA SOUZA, Edvanio (2010). «Principais ameaças sobre aves de rapina no Estado de Minas Gerais». Acervo da iniciação científica. Trabalho de Conclusão de Curso. Consultado em 9 de novembro de 2021
  10. a b c «Águia-cinzenta (Urubitinga coronata) | Aves de Rapina Brasil». www.avesderapinabrasil.com. Consultado em 1 de dezembro de 2021
  11. a b c JESUS, Shayana; BUZZATO, Adriano. «Compilação dos registros documentados da águia-cinzenta, Urubitinga coronata, no Distrito Federal.». Researchgate. Atualidades Ornitológicas. 167: 6. Consultado em 2 de dezembro de 2021
  12. a b c d KILPP, Jonas Claudiomar. «COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE AVES DE RAPINA DIURNAS E O USO DO SOLO NOS CAMPOS DE ALTITUDE DO RIO GRANDE DO SUL» (PDF). Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. MESTRADO PROFISSIONAL EM AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE. Consultado em 1 de dezembro de 2021
  13. «BirdLife International». IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016. Consultado em 24 de Novembro de 2021
  14. BARINO, Glauber Thiago. «Hemosporídeos parasitos (Haemosporida: Apicomplexa) em aves de rapina neotropicais: diversidade, abordagem integrativa e conservação» (PDF). Tese de doutorado em Biodiversidade. Consultado em 29 de novembro de 2021
  15. ZORZIN, Giancarlo; CARVALHO, Carlos Eduardo; CARVALHO FILHO, Eduardo; CANUTO, Marcus. «Novos registros de Falconiformes raros e ameaçados para o estado de Minas Gerais.» (PDF). Centro de Pesquisa para a Conservação de Aves de Rapina Neotropicais. Revista Brasileira de Ornitologia: 417. Consultado em 24 de Novembro de 2021
  16. MOURA, Heloiza Helena (2016). «Falconiformes do Museu das Culturas Dom Bosco: contribuições para documentação científica da coleção zoológica». Multitemas. Artigo científico. Consultado em 2 de dezembro de 2021
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A águia-cinzenta (nome científico: Urubitinga coronata, anteriormente Buteogallus coronatus ou Harpyhaliaetus coronatus) é uma das principais espécies de rapinantes presentes na fauna sul-americana, encontrando-se na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil. Uma fêmea desta ave pode chegar a medir cerca de 85 centímetros de comprimento, envergadura média de 1,80 metro e pesar cerca de 3 quilogramas. Seu nome científico mais atual significa: do tupi Urubú tinga = nome indígena utilizado para intitular um grande pássaro preto; e do latim, coronata, corona, coronatus, coronatum = coroa, coroado, significando "Grande pássaro preto coroado")

Os jovens da espécie apresentam, em seu dorso, a penugem em um tom mais escuro de marrom, com a barriga e o peito em uma coloração creme e detalhes marrons nas laterais do tórax. Já os adultos possuem em suas penas a tonalidade de cinza-chumbo, tendo uma cauda com faixas brancas, visíveis durante o voo, e uma crista com características parecidas com uma coroa.

Possui um aspecto extremamente volumoso. A águia-cinzenta necessita de grandes presas e áreas consideráveis para hábitos de reprodução e alimentação. Opta por habitats abertos ou com pouca vegetação.

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