Cephalocarida é uma classe de pequenos crustáceos marinhos que agrupa apenas 10-12 espécies validamente descritas, todas bentónicas e detritívoras, em 5 géneros pertencentes à ordem Brachypoda.[1] A classe foi proposta em 1955,[2] a partir da descrição da espécie Hutchinsoniella macracantha. Não sendo conhecido registo fóssil do grupo, a maioria dos especialistas considera o grupo como primitivo entre os crustáceos.[3]
A anatomia dos Cephalocarida é simples quando comparada com a dos outros crustáceos. O corpo é muito pequeno, com entre 2 e 4 mm de comprimento, alongado e comprimido na zona cefálica. Todas as espécies conhecidas são hermafroditas.
A cabeça é comparativamente grande, com o bordo posterior a recobrir o primeiro segmento torácico. Sem olhos funcionais, presumivelmente devido aos habitats lodosos onde o grupo habita. Os olhos vestigiais, compostos e pedunculados, estão incluídos no exoesqueleto, o que dificulta a sua observação.
O segundo par de antenas está localizado atrás da boca, o que diferencia o grupo dos restantes crustáceos, já que em todos as antenas estão à frente da boca no estado adulto, apenas os estados larvares apresentando antenas na mesma posição que os Cephalocarida adultos.[4]
A boca está localizada atrás de lábio superior comparativamente grande, flanqueada por mandíbulas. As maxilas são indiferenciadas, com o primeiro par muito pequeno e o segundo par semelhante aos apêndices torácicos (toracópodes), com uma parte basal alargada, equipada com excrescências sobre o lado interior, utilizados na locomoção, um ramo interior bifurcado e dois lobos exteriores, geralmente designados por "pseudoepipodes" e "exopodito". A semelhança estrutural e funcional entre a maxila e as pernas podem ser um sinal de organização primitiva, já que as maxilas não são especializados, como o são em outros grupos de crustáceos.[4]
O tórax está dividido em 10 segmentos, com apêndices (toracópodes) birrâmios, de padrão generalizado, sem maxilípedes.
O abdómen apresenta onze segmentos, no último dos quais se articula o télson, não apresentando quaisquer outros apêndices. O télson apresenta ramos caudais.
Os cefalocarídeos conhecidos são todos marinhos e bentónicos. Habitam desde a zona entremarés até profundidades superiores a 1500 m, em qualquer tipo de sedimentos.
Alimentam-se de detritos marinhos, para cuja captação geram correntes de turbulência com movimentos rápidos dos branquiópodes (apêndices torácicos), num processo semelhante ao dos Branchiopoda e Malacostraca. As partículas de comida são passadas para o lado anterior ao longo de um sulco ventral que as conduz ao aparelho bucal.[5]
A classe Cephalocarida é considerada monotípica, contendo apenas a ordem Brachypoda Birshteyn, 1960, por sua vez também contendo apenas a família Hutchinsoniellidae Sanders, 1955. Contudo o monotipismo da ordem Brachypoda não é consensual, sendo que alguns especialistas admitem a existência de uma segunda família, a família Lightiellidae, com o género Lightiella.
Sendo aceite que os Remipedia e os Cephalocarida fazem parte do clado denominado Xenocarida, proposto como o clado irmão dos Hexapoda,[6][7][8] apesar de não ser conhecido o registo fóssil dos Cephalocarida, a maioria dos especialistas considera o grupo como primitivo entre os crustáceos.
Contudo, a posição sistemática dos Cephalocarida no contexto dos sistemas de classificação dos Crustacea (crustáceos) ainda não está totalmente elucidada, embora seja consensual a aceitação do agrupamento como um grupo irmão de todos os restantes crustáceos, com excepção Remipedia.[9]
Devido à estrutura específica das extremidades e, especialmente, devido à ligação funcional da ingestão de alimentos com a locomoção através da existência de apêndices com extremidades túrgidas especificamente adaptados a esse fim, os Cephalocarida foram considerados como um grupo irmão dos Branchiopoda ou dos Ostraca (considerados como o conjunto dos Branchiopoda e Malacostraca).[10] Quando estes agrupamentos são integrados nos Thoracopoda constituem um grupo irmão para os restantes crustáceos (Maxillopoda) justapostos. Existem outras alternativas de classificação com base em fósseis.[11]
As 12 espécies validamente descritas de Cephalocarida estão agrupadas nos seguintes géneros:
Cephalocarida é uma classe de pequenos crustáceos marinhos que agrupa apenas 10-12 espécies validamente descritas, todas bentónicas e detritívoras, em 5 géneros pertencentes à ordem Brachypoda. A classe foi proposta em 1955, a partir da descrição da espécie Hutchinsoniella macracantha. Não sendo conhecido registo fóssil do grupo, a maioria dos especialistas considera o grupo como primitivo entre os crustáceos.