Arnelliace é uma família pertencente à maior ordem das hepáticas, a Jungermanniales, da classe Jungermanniopsida.[1] Estudos mais recentes (com dados moleculares) apontam que ela seria monogenérica, formada apenas pelo gênero Arnellia com apenas uma só espécie catalogada, a Arnellia fennica.[2][3][4] A ocorrência somente dessa espécie, limita Arnelliaceae aos Alpes e regiões árticas europeias e norte-americanas.[3][4][5][6]
Como é típico das hepáticas são vegetais bem pequenos (cerca de 1,3 cm). Sua coloração é predominantemente verde, mas podem ser marrom ou avermelhada e até mesmo esbranquiçada.[7][8] Possuem ramos intercalares, sem estolões que, neste caso, seriam cauloides de crescimento horizontal.[8] Seus filídios (as expansões fotossintéticas das hepáticas, como folhas) são súcubos (parte de um é coberta pelo posterior), opostos e unidos pela base dorsal, com um aspecto que varia de discoide até oval, com o ápice rômbico (formato de um losango) e de margem inteira.[8][9]
Em suas células, as parede são finas ou com ângulos espessados, chamados trigônios.[8][10] São alongadas na base do arquegônio (ventre, da estrutura reprodutiva feminina). Constituem uma cutícula lisa ou papilosa. E há óleos de corpos granulares que são em 3-10 corpos por célula.[7][8][11]
Diferentemente do que ocorre em outras Jungermanniales, não possuem anfigastros (filídios modificados em apêndices no ventre e base do cauloide) e rizóides são raros.[8]
Os gametângios estão abaixo de pequenos ramos laterais. O esporófito surge de um marsúpio ou perianto. Em uma secção transversal da seta (haste que expõe a cápsula de esperma no ápice do esporófito) há muitas células. Essa cápsula é alongada e de 2 camadas epidérmicas.[8][12]
Foi descrita pela primeira vez por Takenoshin Nakai, que publicou tal achado em seu livro Ordines, Familiae, Tribi, Genera (1943).[13] Inicialmente era majoritariamente defendido que esta família era formada por três gêneros: Arnellia; Gongylanthus; Southbya. Posteriormente a inclusão dos gêneros Stephaniella e Stephaniellidium foi defendida por vários autores, baseados na posição aninhada de Stephaniella entre Southbya e Gongylanthus.[1][2] No entanto, isso foi fruto de um erro na identificação de um espécime que na verdade era um Gongylanthus liebmannianus. Molecularmente, a necessidade de mais dados dificulta estabelecer a suas relações filogenéticas, mas não há evidências que suportem sua colocação em Arnelliaceae ou até em Southbyaceae.[14] Sua morfologia indica que estão mais próximas da família Gymnomitriaceae e por isso foram dispostas nela em 1984 por Schuster, sendo considerado que elas são próximas filogeneticamente, mesmo depois de 2002, quando ele mesmo as elevou de subfamília (Stephanielloideae) a família Stephaniellaceae.[2]
Com a apuração de dados moleculares (e mesmo morfológicos), os estudos passaram a defender que esses cinco gêneros juntos seriam polifiléticos e deveriam ser inseridos em famílias diferentes.[2] Por isso, no decorrer dos anos, sua diversidade taxonômica foi cada vez mais sendo diminuída e essa classificação foi mais considerada até o ano de 2016.[2][3][4][6][15] Nos anos seguintes a 2012, esta família até então compreendia os cinco gêneros já ditos com uma espécie em cada um. Ocorriam propostas de aceitar apenas o gênero Arnellia Lindb., com a espécie Arnellia fennica (Gottsche & Rabenh.) Lindb., como natural da família. Arnellia seria grupo-irmão de Gyrothyra/Harpanthus, das famílias Gyrothyraceae e Harpanthaceae. Southbya é irmã de alguns Gongylanthus, formariam Southbyaceae que é irmã de Geocalycaeae.[2] A partir de 2017 esse resultado começou a ser difundido.[2][3][5]
A filogenia abaixo representa bem simplificadamente como Arnelliaceae está posicionada dentro das hepáticas e como se relaciona com essas outras famílias que passaram a abranger os gêneros em seu rearranjo.[2][16]
MarchantiophytaPelas propostas de classificação mais recentes, não há incidência da família no Brasil, estando limitada mais ao norte do hemisfério norte. Mas pela taxonomia antiga, a família teria as espécies Gongylanthus liebmannianus e Southbya organensis. Destas, nenhuma é endêmica, ou seja, exclusiva do Brasil.[3][5][6][8] A Gongylanthus liebmannianus é encontrada nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, enquanto a Southbya organensis só é conhecida no Espírito Santo.[8]
Essas espécies que representavam a família no Brasil são naturais da Mata Atlântica (em áreas florestais).[8] Porém, Arnellia está em todo o hemisfério norte, sobretudo em áreas acima do trópico de Câncer. Pela classificação antiga, Arnelliaceae apresentava uma distribuição cosmopolita, isto é, por todo o planeta. Gongylanthus está concentrado no hemisfério Sul, na América, África e alcançando também a Europa pelo Mediterrâneo e Leste. Southbya é encontrado principalmente ao longo do Mediterrâneo, porém ocorrem em ilhas Atlânticas, Irlanda e Canal da Islândia. Stephaniella está presente na América do Sul e Central e chega até ao sul da África. Stephaniellidium tem uma abrangência geográfica mais restrita, apenas na América do Sul, em especial, Colômbia e Peru.[4][5][6]
Arnelliace é uma família pertencente à maior ordem das hepáticas, a Jungermanniales, da classe Jungermanniopsida. Estudos mais recentes (com dados moleculares) apontam que ela seria monogenérica, formada apenas pelo gênero Arnellia com apenas uma só espécie catalogada, a Arnellia fennica. A ocorrência somente dessa espécie, limita Arnelliaceae aos Alpes e regiões árticas europeias e norte-americanas.