A lebre-ibérica (Lepus granatensis) ou lebre-de-Granada é um mamífero pertencente à ordem Lagomorpha e ao género Lepus.
A distribuição geográfica de Lepus granatensis inclui a Península Ibérica, com excepção do norte de Espanha, onde outras duas espécies do mesmo gênero habitam (Lepus castroviejoi e Lepus europaeus)[1]. Esta espécie também está distribuída na Ilha de Maiorca, do Arquipélago das Ilhas Baleares[2]. A lebre-ibérica foi introduzida no Sul de França, em redor de Nimes[3].
A espécie Lepus granatensis foi anteriormente incluída na espécie L. europaeus [4].
Estudos moleculares mostraram que Lepus granatensis é uma espécie distinta das outras duas espécies de lebre presentes na Península Ibérica (L. europaeus e L. castroviejoi)[5].
A lebre-ibérica é única espécie de lebre encontrada em Portugal[6].
Tal como as outras espécies da família Leporidae, a lebre-ibérica apresenta patas posteriores muito desenvolvidas o que lhe proporciona grande mobilidade essenciais para uma fuga rápida em situações de perigo[8][9]. As orelhas são muito longas com as pontas pretas. O pêlo é castanho-amarelado e na zona ventral do seu corpo, a pelagem é branca.
O seu comprimento total situa-se entre 44,4 e os 47,0 centímetros. O peso médio das lebres-ibéricas está compreendido entre 2,06 e os 2,54 quilogramas. No entanto, estudos demostram que as lebres obedecem à regra de Bergman, ou seja, estes animais possuem um peso superior nas zonas de maior latitude e um peso menor nas zonas mais próximas do Equador[10]. Deste modo, as lebres que ocupam as regiões frias do planeta apresentam um peso mais elevado, com aproximadamente 5 quilogramas. Nas regiões mais temperadas habitam as lebres de pesos médios com aproximadamente 3 quilogramas. Por outro lado, nas regiões mais quentes encontram-se as lebres com pesos mais baixos. Chegando no máximo aos 2 quilogramas[11]
O peso máximo verificado nas lebre-ibéricas foi 2,95 quilogramas para os machos e 3,30 quilogramas para as fêmeas[12].
As lebres são animais noctívagos, pois a sua actividade decorre essencialmente durante a noite. Como no Verão as noites são mais curtas, a sua actividade pode registar-se durante o dia[13].
Deslocam-se por salto, e em média percorrem diariamente cerca de 2620 metros, podendo chegar aos 7700 metros[14][15]. As condições meteorológicas afectam as populações de lebres, já que em condições de neve ou seca extrema, podem deslocar-se mais de 100 quilómetros[16].
É um dos mamíferos da Península Ibérica que mais variedade de habitats ocupa, estando presente desde o nível do mar na zona Mediterrânica até aos 2000 metros de altitude na Serra da Estrela[17].
As lebres não são animais territoriais, podendo apenas formar grupos com hierarquias estruturadas e mais evidentes em períodos de acasalamento, tanto entre fêmeas como machos[18]
A lebre-ibérica é um animal herbívoro, apresentado na sua dieta alimentos como gramíneas, leguminosas e pequenos arbustos[19]. No Verão, tende a alimentar-se de arbustos e flores. Alimenta-se ainda de frutos, sementes e casca de árvore[20].
Tal como todos os lagomorfos, a lebre-ibérica tem a capacidade de cecotrofia, que consiste na ingestão de fezes moles (cecotrofos), imediatamente após a sua expulsão pelo ânus, permitindo que os alimentos passem duas vezes pelo sistema digestivo de modo a obter deles maior aproveitamento nutritivo [21].
O habitat primordial da lebre-ibérica consiste em áreas abertas com vegetação rasteira, permitindo à lebre se alimentar e camuflar, confundido os eventuais predadores. No entanto, esta espécie ocorre em outros tipos de habitats, utilizando preferencialmente zonas com clareiras com algumas pedras e árvores. Habita ainda em florestas montanhosas, zonas agrícolas como campos cerealíferos, hortas, campos regadios, pomares e olivais[22]
A lebre-ibérica faz parte de diferentes cadeias alimentares, destacando predadores ibéricos com estatuto de espécie rara ou em perigo de extinção, nomeadamente a águia-real (Aquila chrysaetos), o bufo-real (Bubo bubo), a raposa (Vulpes vulpes) e o gato-bravo (Felis silvestris), que são os principais predadores da espécie[23].
A lebre-ibérica tem um período de reprodução que decorre ao longo de todo o ano, mas com menor intensidade no Inverno. As ninhadas têm habitualmente 2 crias e ocorrem habitualmente 3 a 4 vezes por ano. Após uma gestação que dura entre 42-44 dias as crias nascem com um peso que varia entre 62 e 82 gramas[24], apresentam pêlo em todo o corpo, têm os olhos já abertos e movimenta-se passados poucos minutos[25]. As crias são amamentadas apenas ao anoitecer, pois durante o dia a progenitora afasta-se da ninhada para não atrair potenciais predadores[26][27].
A lebre-ibérica não apresenta doenças que afectem em grande escala a perda de populações, porém têm surgido o registo de um parasita, Echinococus granulosus, que é transmitido através da ingestão de fezes de cães e raposas. Este parasita leva ao aparecimento de vários cisticercos (“bolas gelatinosas” semelhantes a cachos de uvas) nas vísceras dos animais contaminados, o que leva à morte dos animais infectados. Todos os animais caçados devem ser examinados e, em caso de confirmação da contaminação, devem ser queimados para prevenir a progressão do parasita[28][29].
A lebre-ibérica tem vindo a sofrer uma redução significativa no norte da península ibérica, apesar de existirem locais onde populações crescem e são abundantes. Este decréscimo nas populações desta espécie deve-se a diversos factores, tais como a perda do seu habitat natural, pois os terrenos são utilizados pela gente para a agricultura e pastorícia, sendo o habitat parcialmente ou totalmente destruído. O aumento da homogeneidade nas áreas florestais também contribui (embora em menor escala) para o desaparecimento da lebre em vários locais da península ibérica[30]
Outra causa para o decréscimo da lebre-ibérica, e que constitui uma ameaça para esta espécie, é a crescente pressão cinegética, pois a lebre-ibérica é uma espécie cinegética sobre a qual é permitido o exercício de caça, na época venatória, segundo a Portaria n.º 137/2012. D.R. n.º 92, Série I de 2012-05-11, do Diário da República. Por serem animais relativamente dóceis, são frequentemente capturados para animais de companhia[31]
A lebre-ibérica está classificada como espécie com estatuto de conservação pouco preocupante (LC), segundo a Lista Vermelha da IUCN[32]. A lebre encontra-se preservada em várias áreas protegidas, a salientar em áreas de Portugal e Espanha, onde a espécie é residente, e também numa pequena área do sul de França, onde foi introduzida.
Em Portugal não existe legislação para proteger a lebre-ibérica.
Por outro lado, encontra-se listado no Apêndice III da Convenção de Berna para a Conservação da Vida Selvagem e Habitats Naturais Europeus[33]
A lebre-ibérica para além de ser uma espécie de grande importância ecológica, uma vez que constitui presa para diversos predadores, é também uma espécie muito importante economicamente devido ao elevado interesse cinegético que apresenta para a grande maioria dos caçadores. A espécie é usada para consumo humano e para caça desportiva.
A lebre-ibérica (Lepus granatensis) ou lebre-de-Granada é um mamífero pertencente à ordem Lagomorpha e ao género Lepus.
A distribuição geográfica de Lepus granatensis inclui a Península Ibérica, com excepção do norte de Espanha, onde outras duas espécies do mesmo gênero habitam (Lepus castroviejoi e Lepus europaeus). Esta espécie também está distribuída na Ilha de Maiorca, do Arquipélago das Ilhas Baleares. A lebre-ibérica foi introduzida no Sul de França, em redor de Nimes.
A espécie Lepus granatensis foi anteriormente incluída na espécie L. europaeus .
Estudos moleculares mostraram que Lepus granatensis é uma espécie distinta das outras duas espécies de lebre presentes na Península Ibérica (L. europaeus e L. castroviejoi).
A lebre-ibérica é única espécie de lebre encontrada em Portugal.
Mapa do Atlas de Mamíferos de Portugal, 2ª edição (2019)