A raposa-do-campo, raposinha-do-campo, jaguamitinga ou jaguapitanga (nome científico: Lycalopex vetulus),[4] é um canídeo endêmico do Brasil, que habita os campos e cerrados em uma área de distribuição que inclui o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, partes do Tocantins, Bahia, e uma pequena área entre Piauí, Ceará e Paraíba.[2][5]
Apesar de seu nome, elas não são raposas verdadeiras (gênero Vulpes), sendo pertencentes ao gênero Lycalopex, um gênero de canídeos relacionados mais aos lobos-guará, cachorros-do-mato e cachorros-vinagre. Se assemelham a raposas devido à evolução convergente.
A raposa-do-campo é endêmica do Brasil e sua distribuição geográfica está associada aos limites do ecossistema do Cerrado, em uma faixa de altitude de 90–1 100 milímetros.[6] No entanto, também pode ser encontrada em zonas de transição, incluindo habitats abertos no Pantanal. A ocorrência da raposa-do-campo em áreas da Mata Atlântica está em uma matriz de pastagens antrópicas, intercaladas regionalmente por remanescentes de floresta semidecídua e pequenas manchas de Cerrado.[7]
A extensão atual estende-se do nordeste e oeste do São Paulo ao norte do Piauí, passando pelos estados de Ceará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Tocantins, Bahia e provavelmente áreas abertas das regiões do sul do Maranhão e estados de Rondônia.[5]
As raposas são pequenas, com focinho curto, dentes pequenos, pelagem curta e membros delgados. Sua pele é de cor acinzentada, com uma parte inferior do corpo creme ou fulva. A cauda é preta na ponta com uma listra escura marcada ao longo da superfície superior, que em animais machos pode se estender ao longo das costas até a nuca. As orelhas e patas são levemente avermelhadas e a mandíbula inferior é preta.[8] Alguns indivíduos melanísticos também foram relatados.[6]
As raposas têm um crânio pequeno, com carniceiros reduzidos e molares largos. É pequena para uma raposa, pesando apenas 3–4 quilos, com cabeça e comprimento do corpo de 58–72 centímetros e cauda de 25–36 centímetros.[6][9]
A raposa-do-campo é onívora, utilizando cupins como a base de sua alimentação, além de besouros, gafanhotos e, conforme a disponibilidade no ambiente e a estação, frutos silvestres e exóticos, pequenos mamíferos, lagartos, cobras, anuros e aves.[2][8] Os cupins do gênero Syntermes são sua principal fonte de alimento e são encontrados em cerca de 89,5% de suas fezes.[9]
É um animal muito atento e percebe tudo o que ocorre ao seu redor. A visão, a audição e o olfato são bastante desenvolvidos. A raposa-do-campo é mais ativa à noite, com um padrão de atividade crepuscular-noturno. Ocorre em simpatria com outros canídeos brasileiros como o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).[5][6] As raposas-do-campo são solitárias e tímidas, mas defendem agressivamente seus filhotes.[9]
As raposas-do-campo são monogâmicas, formando pares reprodutivos durante a estação de acasalamento que permanecem juntos durante a criação dos filhotes.[5] O período de gestação é de cerca de 50 dias, após o qual a fêmea dá à luz uma ninhada de 1 a 5 filhotes, frequentemente nascidos entre julho e agosto. Raposas vivas costumam usar tocas de tatu abandonadas para criar seus filhotes.[9][8]
Observações diretas relatam interações sociais entre os membros do grupo familiar (macho, fêmea e prole sazonal), com contato mais intenso entre machos e fêmeas durante os primeiros quatro meses de vida da prole. Diferente de outras espécies de canídeos, os machos são responsáveis por levar comida e pajear filhotes, além de defender o grupo de possíveis agressores, enquanto a fêmea passa as noites se alimentando e amamentando os pequenos entre intervalos que podem durar horas.[10] A dispersão juvenil ocorre entre nove e dez meses de idade, quando começam a estabelecer seus próprios territórios.[2]
As raposas-do-campo são endêmicas do Cerrado brasileiro, que está sob forte pressão antrópica e com menos de 20% de sua área original intacta. É uma espécie pouco conhecida e pouco estudada. O número estimado de indivíduos maduros é 9 840–19 200. As maiores ameaças à conservação da raposa-do-campo são a fragmentação e destruição de seu hábitat, e outros efeitos negativos diretos e indiretos causados pela ação humana, como atropelamentos, doenças, retaliação à suspeita de predação de aves domésticas e alta mortalidade de filhotes/juvenis, especialmente em regiões desprotegidas.[2] O declínio populacional deve, em uma estimativa conservadora, ter sido de pelo menos 30% nos últimos 15 anos.[5]
Outras ameaças são os ataques por cães domésticos e a perseguição direta pelo homem, em virtude da percepção errônea de que as raposas-do-campo atacam animais domésticos, principalmente galinhas, apesar de aves domésticas serem pouco frequentes ou ausentes na dieta da espécie.[5] Quase 50% das mortes desses animais fora de unidades de conservação são de causa humana.[10] A raposa-do-campo é classificada como espécie quase ameaçada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).[2] Na lista nacional, a espécie é classificada como Vulnerável.[11]
A raposa-do-campo, raposinha-do-campo, jaguamitinga ou jaguapitanga (nome científico: Lycalopex vetulus), é um canídeo endêmico do Brasil, que habita os campos e cerrados em uma área de distribuição que inclui o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, partes do Tocantins, Bahia, e uma pequena área entre Piauí, Ceará e Paraíba.
Apesar de seu nome, elas não são raposas verdadeiras (gênero Vulpes), sendo pertencentes ao gênero Lycalopex, um gênero de canídeos relacionados mais aos lobos-guará, cachorros-do-mato e cachorros-vinagre. Se assemelham a raposas devido à evolução convergente.