Fucus vesiculosus L., conhecida pelos nomes comuns de bodelha e fava-do-mar, é uma espécie de macroalga castanha (Phaeophyta) com distribuição natural nas costas das regiões temperadas e frias dos oceanos Pacífico e Atlântico, incluindo o oeste do Mar Báltico.[1] Foi a partir de um extrato desta alga que em 1811[2] foi descoberto o elemento químico iodo, razão pela qual foi extensivamente usada em tratamentos para o bócio, uma hipertrofia da glândula tiróide relacionada com uma crónica deficiência metabólica em iodo. Com a vinda dos sintéticos T4, levotiroxina, foi esquecida, mas em recentes trabalhos tem sido redescoberta no tratamento para hipotireoidismo[3][4]
As frondes de F. vesiculosus apresentam uma nervura central proeminente e vesículas de gás (aerocistos ou pneumatocistos) quase esféricos, geralmente em pares distribuídos de forma simétrica em relação à nervura central do talo. Os aerocistos estão em geral ausentes nas algas jovens. A margem do talo é lisa e a fronde apresenta uma clara ramificação dicotómica. A espécie é frequentemente confundida com Fucus spiralis, uma espécie estreitamente aparentada com a qual hibridiza.[5]
Pertence a um grupo de algas multicelulares, fundamentalmente marinhas, e a sua cor castanho-amarelada deriva do pigmento fucoxantina. Em relação à sua morfologia, apresenta-se como um talo plano e ramificado dicotomicamente, com pequenas dilatações cheias de ar (aerocistos) que asseguram a flutuação do talo. Na época de reprodução, a extremidade distal dos talos fica intumescida. Nessas extremidades férteis, crivadas de orifícios minúsculos, é produzida uma geleia de coloração alaranjada ou verde-escura, conforme o sexo é, respectivamente, masculino ou feminino.
F. vesiculosus é uma alga dioica. Os gâmetas são geralmente libertados para a água em situações de fraca ondulação, quando as correntes são fracas junto à costa. São simultaneamente produzidos e libertados oogónios e anterídios que são fertilizados externamente para produzir os zigoto.[5] Os oogónios são fertilizados pouco depois de serem libertados do receptáculo. Um estudo realizado nas costas do Maine mostrou que ocorria cerca de 100% fertilização tanto em zonas abrigadas como em zonas expostas à ondulação.[5] Populações constantemente submersa no Mar Báltico são muito sensíveis a condições de turbulência. As altas taxas de fertilização são conseguidas porque os gâmetas apenas são libertados quando a velocidade da água circundante é baixa.[6]
A espécie tem uma ampla área de distribuição natural, ocorrendo nas costas das regiões temperadas e frias dos oceanos Pacífico e Atlântico. No Atlântico Norte e mares adjacentes há registos da sua ocorrência nas costas atlânticas da Europa, norte da Rússia, oeste do Mar Báltico, Gronelândia, Açores, Canárias, costa atlântica de Marrocos e Madeira.[7][8] Ocorre também na costa atlântica da América do Norte desde a ilha Ellesmere, Baía de Hudson até à Carolina do Norte.[9] Fucus vesiculosus é uma das algas mais comuns nas costas das Ilhas Britânicas.[1]
A espécie é particularmente abundante em costas rochosas abrigadas, tendo como habitat preferencial águas límpidas e bem arejadas com profundidade até 5 m. Ocorre desde o médio-litoral até aos níveis mais baixos da zona entremarés.[9] A sua presença é rara em costas muito expostas à ação da ondulação, sendo que os poucos espécimes que aí ocorrem são curtos, atarracados e sem aerocistos (vesículas de gás).[10]
As frondes de F. vesiculosus servem de suporte a alguns organismos coloniais, mas servem de abrigo para espécies como o anelídeo Spirorbis spirorbis, isópodes herbívoros, como algumas espécies do género Idotea, e gastrópodes raspadores como Littorina obtusata.[5]
Os florotaninos presentes em Fucus vesiculosus actuam como defesas químicas contra os herbívoros marinhos, nomeadamente contra o búzio Littorina littorea.[11] Apesar disso, é a presença de galactolípidos, e não de florotaninos, que desencoraja a herbivoria por algumas espécies, entre as quais o ouriço do mar Arbacia punctulata.[12] A presença de metil-jasmonato parece induzir a produção de florotaninos.[13] Fucofloretol-A é um dos tipos de florotaninos presentes em F. vesiculosus.[14]
A presença nesta alga de compostos e elementos com interesse dietético, como mucilagens, algina, manitol, betacaroteno, zeaxantina, óleos voláteis, iodo, bromo, potássio e muitos outros minerais. Por essa razão é utilizada no tratamento da obesidade associada ao hipotiroidismo devido ao seu significativo teor de iodo, essencial à síntese das hormonas produzidas pela tiroide. A presença de fibras mucilaginosas estimula o funcionamento intestinal. Exibe, também, moderada ação diurética. É desaconselhada a ingestão desta alga por indivíduos alérgicos ao iodo.
Foi demonstrado que a ingestão de Fucus vesiculosus ajuda as mulheres com ciclo menstrual anormal e com história de problemas de saúde associados à menstruação.[15] Foi demonstrado que doses de 700 a 1400 mg/dia alargam o ciclo menstrual, diminuindo o número de dias de menstruação por ciclo e reduzindo os níveis de 17β-estradiol no plasma sanguíneo.[16]
Fucus vesiculosus L., conhecida pelos nomes comuns de bodelha e fava-do-mar, é uma espécie de macroalga castanha (Phaeophyta) com distribuição natural nas costas das regiões temperadas e frias dos oceanos Pacífico e Atlântico, incluindo o oeste do Mar Báltico. Foi a partir de um extrato desta alga que em 1811 foi descoberto o elemento químico iodo, razão pela qual foi extensivamente usada em tratamentos para o bócio, uma hipertrofia da glândula tiróide relacionada com uma crónica deficiência metabólica em iodo. Com a vinda dos sintéticos T4, levotiroxina, foi esquecida, mas em recentes trabalhos tem sido redescoberta no tratamento para hipotireoidismo